quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Natal 2013



Disseram-me que o Pai Natal
Este ano,
Não vem a Portugal!
Queriam lançar-lhe imposto sobre as renas
Sobre o carro em trânsito, sem medidas,
E sobre as prendas mais pequenas,
Que as grandes, por serem para grandes,
Passavam despercebidas,
Isentas, como é habitual,
E ninguém levaria a mal!...
Porém, o Pai Natal
Que, por ser tão velhinho, sabe tanto,
Negou-se a ser injusto
Fazendo, sem custo,
Uma cara de espanto!
E entrou em greve,
Acto que, às vezes, serve
Para quem ferve,E outras não!...

Assim, neste Natal, não há prendas,
Não há lugar a oferendas
Porque subiu tudo! Até as rendas!...
E subiu a Razão
Ao olhar um Natal tão desigual
Onde há fome
E (que pilhéria!)
Gente que espera p’la pensão
Do pai velho, da mãe ou do irmão
– Pensões de miséria…
Inda por cima, cortadas
À faca, à tesoura, às dentadas…
Que tudo serve para massacrar
As gentes tão massacradas
Só para pagar
Quantias transviadas …

Santo Natal, para quem?
Para quem vive à custa do povo, 
Como lhe convém?
Tanta forma de dizer o que não é
E o quanto há sem haver…
Tanto ludíbrio…
Tanta falta de querer
De quem vive abarrotando,
Dando pontapés na Fé…
E tanta gente, à míngua, minguando!...

Santo Natal!
Graças por estarmos vivos
Que, a nós, os «velhos»
Há muito nos querem no caixão,
Dos vermes, cativos,
Para não refilarmos, em solidão,
Nem nos pagarem a pensão!...
Esperanças… não nos dão!...
Mas, por agora, com sorte,
Façamos greve à Morte!...

Santo Natal, com saúde,
Meu irmão!...

Maria de Fátima Mendonça





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